Solstício de Inverno

Estou sentada na praia, à beira mar. Sinto a fria brisa marítima e o calor do Sol deste primeiro dia de Inverno.
Hoje é o Solstício de Inverno, o dia mais curto do ano e a noite mais longa... O Sol irá crescer cada vez mais forte para chegar ao seu auge no Solstício de Verão. Esta data foi, desde sempre, de enorme importância espiritual para os seres humanos, celebrada por inúmeras culturas, desde os povos pagãos da Europa aos povos orientais, passando pelas civilizações do “novo mundo”.
Para mim, o Solstício de Inverno representa o RENASCIMENTO. Tendo o Sol chegado ao seu limite inferior, a partir de então começará novamente a ascender e a levar consigo a Terra para um renascimento cíclico. Muitos teoóricos e estudiosos afirmam, inclusivamente, que o nascimento de Cristo foi intencionalmente divulgado pela Igreja como tendo ocorrido na época no solstício de Inverno.
Cristo representa simbólicamente a Vida, a confirmação da ilusão da morte e a nova Luz que inunda as trevas. E é aqui que reside também o mais profundo significado do Natal: o do Renascimento Interior...
No início do Inverno, da escuridão, quando tantos dos nossos sentimentos são de tristeza, toldados pela falta de luz própria da estação, eis que surge a certeza de que o Sol irá regressar, de que a Vida irá brotar novamente, de cada planta, de cada ser vivo, alimentando o nosso fogo interior.
Para mim, o solstício de inverno implica uma profunda renovação do Ser, Morte e Renascimento. A Vida proporciona, com isso, uma oportunidade única de cura profunda ao Ser Humano...
O frio trará à superfície o nosso lado mais escondido e sombrio, a escuridão e introspecção do Ser. A água e a força da chuva, juntamente com o vento permitirão limpar e regenerar a nossa alma, semeando a Esperança do início do caminho em direcção ao aconchego e ao calor do tempo de Verão.
Chegou o tempo de percepcionarmos as realidades mais subtis da Mãe Terra, na força e energia dos seus elementos e também no mundo das Estrelas. Surge, assim, a oportunidade de recebermos os insights e intuições mais criativas, proporcionando a nossa expansão e reencontro. É tempo de dançar com o corpo, com a mente e com o espírito as emoções da Vida, circulando pelas memórias e filtrar com o Amor, com a sabedoria e com a Humildade da Alma... É tempo de ser consciente e presente no aqui e agora... Tempo de escolhas de profunda autocura e entrega ao Universo...
É tempo de religação com a nossa “Criança Interior”... Ela espera por nós, anseia pelo nosso amor e atenção e tem para nós fantásticos presentes! Apenas temos de despertar e procurá-la em nós, abraçando-a e mimando-a...
Com o solstício de inverno, os nossos sentidos físicos e emoções são despertos para indicar o caminho de volta a Casa...
E é este o maior mistério e o maior milagre da Vida: o caminho de volta a Casa. Está e estará sempre dentro dos nossos corações...

O Sol e a Lua

O Sol e a Lua brincam às escondidas... O seu Amor é de tal modo puro e Incondicional que nenhum vive sem o outro... Mas também não se podem encontrar... Quando o Sol começa a esconder-se, a Lua prateada surge em todo o seu fulgor... E vice-versa... E assim é o seu Amor... E Assim sempre será...
E foi em meditação e celebração deste belo Amor que hoje Dancei em sua homenagem...
Dancei a Dança do Ventre, em sua homenagem, sentindo profundamente esse puro Amor Incondicional, dentro do meu corpo e da minha alma...
Cada movimento meu, cada gesto meu, exprimia o fogo solar que nos nutre, que nos aquece e que representa cada forma de Vida, cada Ser, a centelha divina que reside em cada um de nós... E exprimia também o manto prateado da Lua, a Deusa Mãe que nos nutre e protege e faz sonhar...
A minha respiração tornou-se cada vez mais rápida, o meu sangue aquecia cada vez mais, dentro das minhas veias e artérias... O meu coração expandia cada vez mais e irradiava cada vez mais intensamente esse Amor Incondicional...
A minha Criança Interior, a Mulher e a Deusa que habitam em mim sentiam-se mais Vivas que nunca! Entrei num verdadeiro “transe místico”...
E continuei a Dançar esta Dança Sagrada, sentindo cada vez mais a Presença Divina em mim...
E ao Dançar e Celebrar a Vida e o Amor existente entre a Lua e o Sol, enviei todo o meu Amor Incondicional para o Universo... Será que os estás a sentir neste momento?
Abre então o teu Coração e sente-o, plenamente!

"Sim: Ainda me lembro de Ti"!

Após muito tempo estar “adormecida”, ao meditar, o véu do esquecimento desvanesceu-se subitamente...
Sim, lembro-me de Ti, querido Deus Pai Mãe! Lembro-me de quando éramos (e ainda Somos e Seremos) UM SÓ!
Lembro-me e sinto cada vez mais o Amor que Somos!
Sinto o teu Amor neste preciso momento... Sinto o teu Amor ao ser iluminada e aquecida com o brilho do primeiro raio de Sol da manhã...
E também quando observo o Mar e sou envolvida pela sua intensa brisa...
E quando estou no meio da Natureza e ouço o Teu canto, através dos meus irmãos pássaros...
Sinto o teu Amor quando acaricias o meu rosto com a mão suave do vento e brincas com os meus cabelos, tal como uma Mãe acaricia amorosamente a sua filha...
Vejo o teu belíssimo rosto em cada criança, em cada semelhante meu e até em mim...
Como eu te Amo, querido Deus Pai Mãe!
E quanto mais te Amo, mais o meu coração se expande e se conecta contigo, com o TODO...
E é o pulsar do meu coração e o fluxo contínuo da minha respiração que honram e demonstram o teu maior Milagre: a VIDA!
E ao cantar e ao celebrar, dançando profundamente com a Vida, vou cada vez mais ampliando o meu Amor por Ti, sentindo cada vez mais o teu Amor por mim e a tua Presença na minha Vida!
Muito grata por todas as bençãos e milagres por ti oferecidos a cada instante, a cada momento!
Recebe um longo Abraço pleno de Amor Incondicional, tão intenso como a própria Vida, desta tua Filha que te Ama muito:

Sandra Gonçalves

Reencontro

Finalmente... O momento pelo qual eu tanto ansiava... O nosso reencontro que eu tanto esperava...
Os teus olhos brilhavam intensamente na escuridão. Uma sensação de familiaridade acompanhou-me desde o primeiro momento que te vi. O teu sorriso, a melodia da tua voz, o teu aroma... Enfim: tudo em ti provocava-me um universo intenso de sentimentos e emoções.
À medida que fomos conversando eu cada vez mais sentia que já nos tínhamos encontrado: noutras Vidas, noutras dimensões... O Universo é perfeito e generoso e permitiu este nosso reencontro, meu Amor...
Estamos cada vez mais ligados um ao outro numa perfeita sintonia de Almas que bailam eternamente ao som da melodia cósmica, que une aqueles que ousam e que verdadeiramente Amam, em liberdade, em busca da eterna Verdade que é Amar...
E assim é e será o nosso eterno Reencontro...

Para além do Véu...

Sete mulheres encontram-se para celebrar a Vida... Uma delas sou eu. A percussão da música e a luminosidade desse dia aquecem a sala.
A cumplicidade entre nós é muito forte... Cada uma de nós tem a vontade de recriar os rituais ancestrais desta Dança Sagrada, a Dança do Ventre, prestando culto, cada uma a seu modo, à Mãe Terra...
Cada uma, ao seu ritmo, ao seu modo, respira Amor Incondicional e envia esse Amor para o Universo...
Um verdadeiro bailado de véus, de multiplas cores, dá imensa sensualidade e mistério à nossa Coreografia...
E é esse desvelar, esse "levantar do Véu" e de esconder o rosto e o corpo que também é feita a Dança da Vida...
Dançando profundamente, com todo o nosso Ser, redescobrimos a presença de Deus Pai Mãe que há em nós...
E eu peço à Vida, com a minha Dança, que me leve para além do Véu da Existência...

Mergulhar

Chegou a hora. O tempo urge. Respiro cada vez mais profundamente. Mergulho uma vez mais no Oceano interior das minhas emoções e sentimentos...
Inicialmente, sinto uma turbolência e agitação interior quase angustiante...
A maiêutica socrática e a dúvida são minhas companheiras neste mergulho. O azul índigo deste meu Ser vai sendo cada vez mais brilhante e sereno à medida que vou mergulhando cada vez mais e mais fundo...
Encontro o meu "lado sombra": os meus medos, raivas, inseguranças... Tal como uma pequena semente, enfrento a escuridão, a fragilidade e a solidão... Mas a pequenina semente é preseverante e tem imensa vontade de se transformar numa bela flor... Uma suave e simultaneamente intensa fragância começa a nascer...
Os meus pensamentos surgem como crianças brincando num belíssimo jardim, dançando harmoniosamente a mais bela das coreografias. A minha mente, inicialmente agitada como um cavalo selvagem indomável, começa gradualmente a serenar...
À medida que mergulho, ouço uma música celestial e vislumbro uma luz que me guia interiormente, conduzindo-me a uma Atlândida perdida. Ela esteve sempre no meu interior, qual tesouro precioso e singular, muito protegido e seguro...
E é nesta Atlândida perdida no meio do Oceano existencial que eu me encontro, bem como a ti , meu querido amor...

Borboleta

Borboleta, voa, voa... Leva-me nas tuas asas diáfanas... Aceita-me como sou, tu que foste crisálida e transmutás-te...
Deixa-me voar contigo para bem longe daqui, para ao pé do meu amor...
Que as tuas asas arco-íris, feitas de raios de sol e pedaços de lua e de estrelas me embalem e me curem desta dor...
Voemos juntas, meu querido Anjo, para uma Ilha dos Amores, onde a Dança e a Magia não são uma utopia... Ai, como eu queria contigo voar!
Borboleta: para onde vais? A Beleza e a Liberdade são tuas eternas companheiras.
Trazes contigo a fragância de mil flores, a suavidade de um beijo... Reinventas novas cores, que se misturam no mais belo quadro...
Voemos, então, juntas, minha querida borboleta!